segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em 13 de setembro de 1993, o mundo parou para ver um aperto de mãos. A cena, que se desenrolava no gramado da Casa Branca, era inacreditável. De um lado, Yitzakh Rabin, primeiro-ministro israelense e veterano da Guerra dos Seis Dias, detestado pelos palestinos. Do outro, Yasser Arafat, líder da OLP, tachado de terrorista por Israel. Os dois inimigos estenderam os braços – Arafat, sorridente; Rabin, visivelmente contrariado – e realizaram o gesto universal da amizade, diante de um satisfeito Bill Clinton e dezenas de repórteres embasbacados.
O histórico aperto de mãos foi resultado de exaustivas negociações secretas, ocorridas principalmente na cidade norueguesa de Oslo. Ambos estavam vencidos pelo cansaço. Os dois povos saíam de décadas manchadas com muito sangue, e nos territórios ocupados as coisas iam de mal a pior. Em 1988, a população de Gaza ergueu-se em um levante maciço, a Intifada, que logo se espalhou como fogo pela Cisjordânia e chegou a Jerusalém. Jovens e crianças enfrentavam um dos exércitos mais poderosos do mundo com pedras e bombas de petróleo. A reação foi brutal. Entre outras coisas, o então ministro da defesa Rabin ordenou que palestinos prisioneiros tivessem pernas e braços quebrados para servir de exemplo. Não por acaso, ganhou o apelido de "Quebra-Ossos".
 
Os acordos de Oslo criaram a Autoridade Palestina, órgão que permitia aos árabes em territórios ocupados ter um mínimo de autogoverno. Israel comprometia-se a discutir, dentro de alguns anos, a possibilidade – e apenas a possibilidade – de retirar suas tropas. Em troca, a OLP e os grupos palestinos deviam cessar os ataques. Arafat entrou em Gaza em 1º de julho de 1994, com honras de chefes de estado. Os palestinos foram à loucura. Mas a euforia durou pouco.
Os radicais de ambos os lados não tardaram a mostrar as garras. Ataques de grupos palestinos continuaram. Em Israel, a extrema direita queria a cabeça de Rabin: para eles, qualquer concessão aos palestinos era traição. Em novembro de 1995, Rabin levou três tiros no estômago e no peito, enquanto participava de uma passeata pela paz, cercado por 100 mil manifestantes. Dessa vez, o gatilho não fora puxado por um árabe, mas por um judeu extremista, Yigal Amir. Nos territórios ocupados, o processo de paz desandou. A ocupação israelense continuou e, ao longo dos anos 90, os assentamentos ilegais foram expandidos. Em 2000, novas tentativas de paz, dessa vez encabeçadas pelo primeiro-ministro trabalhista, Ehud Barak – e novo fracasso.

Caroline

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